Bem, parece que não sou o único!
Há exactamente um ano o Krónikas Feirenses abriu as "hostilidades" para um assunto que pairava em nuvens baixas sobre a cidade, mas envolto em muito nevoeiro... no dia 1 de Maio de 2009 aqui deixei uma proposta básica do que poderia ser o projecto "
Santa Maria da Feira - Capital Europeia da Cultura".
Pelos vistos, a ideia começa a pegar num maior número de cabeças... e pedem-se apoiantes!
Na edição de ontem do "Terras da Feira" João Arezes escreve, em "Entrelinhas", «Uma "ideia capital" para a Feira». Num horizonte temporal de 10 anos, o consultor de comunicação justifica as capacidades feirenses para ser Capital Europeia da Cultura e as mais valias em termos de projecção nacional e especialmente internacional. Ora veja-se...
Sem a pretensão de que a ideia não tenha já percorrido
algumas mentes e, por essa mesma condição, possa dispensar o atributo de original, arrisco, diria que me atrevo publicamente, a defender que face à dinâmica cultural que Santa Maria da Feira apresenta desde há alguns anos a esta parte, talvez seja altura de elevar ainda mais a fasquia. Com pelo menos uma década de permeio até que a Capital Europeia da Cultura possa voltar a ser uma cidade portuguesa, haverá tempo de intensificar e partilhar ideias, bem como de preparar os necessários dossiês de uma candidatura.
Ideia peregrina, esta? Nem por isso, ou melhor, se quisermos ver este conceito à luz de uma dupla acepção "até sim!". Eu clarifico, a Capital Europeia da Cultura é peregrina porque está sempre a migrar de país para país, "em regime de itenerância", isto em termos de conceito, pois cada CEC constituiu um todo específico e localizado. No outro sentido, o sonho de uma ideia eivada de lirismo na qual meia dúzia acreditam e a maior parte torçe o nariz até à data da atribuição, também.
A Feira, mesmo sendo uma cidade de pequena dimensão, reúne um naipe de condições a nível cultural que já a projectam a um patamar invejável a nível nacional, mesmo tendo em conta a observância da escala, diria, precisamente tendo em conta a observância da escala.
Alicerçada no seu passado histórico, condição nada despicienda para o efeito, Santa Maria da Feira pode promover um s(c)em número de eventos contextualizados neste vector. O melhor dos exemplos será o da Feira Medieval. O Imaginarius é também um factor de mobilização de pessoas e de estímulo à economia local. O futuro centro ligado à dinamização do denominado Teatro de Rua, ou das Artes de Rua, vai auxiliar à consolidação deste segmento artístico. O Festival para Gente Sentada, que sendo destinado à mole dos seguidores da música alternativa, já se tornou de culto para gente de diversas proveniências geográficas, as residências artísticas de companhias ligadas à dança e ao ballet reiteram também o pressuposto. As conferências com personalidades de reconhecimento internacional que se realizam na Biblioteca Municipal sob a égide da edilidade e da Sete Sóis Sete Luas, enfim, isto só para citar alguns dos exemplos mais visíveis, deixam-me(nos) a perguntar: O que falta?
Claro que a CEC é bem mais que um conjunto numeroso de eventos programados. Mas tempo de reflexão não será, como já se viu. Massa crítica também não, pois existe e existirá, até porque para além de envolver os agentes da terra, há sempre que cativar uma panóplia de especialistas na matéria oriundos de outras paragens e isto acontece quase sempre, veja-se o caso de Guimarães que vai ser CEC em 2012. Escala ou dimensão populacional não constituem problema, senão Cork na Irlanda jamais o teria sido em 2005. É verdade que muitas das CEC se realizam em capitais dos respectivos países e até em grandes metrópoles, como é o caso presente de Istambul em 2010, ou os casos precedentes de Madrid, Lisboa, Estocolmo, Praga, entre outras. Mas Patras na Grécia (2006) e Pécs (2010) na Hungria serão da mesma bitola?Na cartilha de objectivos de uma CEC pode ler-se: "É desejável que a iniciativa, as estruturas e capacidades criadas neste âmbito sejam utilizadas como base para uma estratégia de desenvolvimento cultural sustentável nas cidades em questão, garantindo os efeitos a longo prazo da manifestação Capital Europeia da Cultura". A ideia está lançada, aceitam-se seguidores.
Ora, aqui está o primeiro seguidor! Há mais seguidores da ideia?
Como já o disse em tempos, acredito a 100% na pertinência deste projecto, nas mais valias e na capacidade feirense para o elaborar, enquadrar, justificar e projectar, de modo a aprovar uma candidatura. Haja a força para o levar adiante, haja a vontade para lutar contar algumas "forças", haja garra para mostrar à Europa e ao Mundo o que de bom se faz por cá.