domingo, 26 de agosto de 2007

Cavaquistão

Esta Krónika não pretende lutar contra interesses instituídos e muito menos entrar na onda que parece estar a esmorecer, em que se lutava pelo Cavaco a freguesia. Apenas pretendo relatar uma retrospectiva de factos e as atitudes da população, reflectindo sobre a sua génese.
Será por vontade própria? Ou teremos um poder local que se esquece de certos locais?

Há vários anos que a metade norte da cidade da Feira é esquecida por todos... sim, METADE... para lá da variante está metade de uma freguesia que parece não existir. Se não fossem empresas privadas aquela que é hoje uma área em plena expansão, não passaria de um bairro suburbano, a fazer lembrar, quem sabe Vila D'Este!
Para entrar no tema vou colocar-me na cabeça de um habitante da zona mais central da Feira.
- Vamos às compras!
- Onde? Cavaco ou Cruz?
- Cavaco, credo! Vamos à Cruz!
Há anos se ouve tal coisa... porquê? Este exemplo das compras é apenas um e pode ter uma explicação na dimensão dos espaços comerciais, mas se pensarmos bem há outras causas. Mesmo ficando o Cavaco mais perto, lá vai toda a gente para a Cruz. Também não vou pôr em causa esta movimentação de pessoas, até porque se o hipermercado da Cruz estivesse no Cavaco o caos seria inimaginável!
Vamos avançar ponto por ponto.
Há 15 anos atrás quando se colocou em cima da mesa a construção de uma escola no norte da cidade o poder local tentou levá-la para S. João de Ver. Com muita casmurrice da DREN, a Ferreira de Almeida acabou mesmo por ser construída dentro das fronteiras da Feira, com a Câmara a querer levá-la para a freguesia vizinha. Tudo isto se assemelha ao problema Souto. A DREN aprova uma nova EB 2,3 para a cidade sede e a Câmara tende em levar a escola para a freguesia mais a sul... consequência: o processo arrasta-se há anos e pelo que se sabe a nova escola morreu. A DREN vai mesmo ampliar as duas escolas da cidade. Assim a Câmara não pode reclamar por impossíveis. A verdade é que a escola está no Cavaco, e o que fazem os pais das crianças? Arranjam moradas fictícias no centro da cidade para levar os filhos para a Fernando Pessoa, com muito piores condições estruturais.
Um ponto a favor das mentalidades moldadas!
A abertura de uma farmácia a norte da cidade e a consequente entrada na rota dos serviços trouxe muito descontentamento aos habitantes da zona central da cidade:
- Agora nem temos farmácia na Feira!
Esta frase e outras semelhantes ouviram-se durante meses... mas a farmácia está mesmo na Feira! E há mais, quando esta farmácia está de serviço, toda a população do norte do concelho não tem de fazer desvios à saída do hospital para comprar os medicamentos. Ou seja, só traz vantagem para o concelho.
Mais um ponto para as mentalidades!
Mas quem cria este problema na cabeça das pessoas?
O poder local e a sua incapacidade de resolver problemas de décadas!
O Cavaco está mais próximo do centro da Feira que a Cruz, mas é mais difícil fazer esse percurso. A falta de uma alternativa à Av. 5 de Outubro e uma Rua da Circunvalação inacabada tornam num martírio o dia-a-dia de todos os que por ali têm de passar!
Aqui está a chave da questão...
Continuamos com um concelho desmembrado e partido em postas... é preciso uni-lo com boas vias de comunicação internas. Esqueçamos as auto-estradas por uns tempos: que se construa a Feira-Nogueira (primeiro troço já no terreno), a Av. da Europa, o Eixo das Cortiças, a Variante Feira-Arouca e várias ligações internas de freguesias que representam investimentos muito reduzidos, mas continuam à espera de solução.

Depois de tudo isto há quem fale na emancipação e criação de uma nova freguesia... discordo totalmente, até porque sou a favor da união, mas é já tempo de se olhar para o Cavaco... melhorando a qualidade de vida de grande parte dos habitantes do concelho da Feira.
Deixem crescer a cidade... só assim é possível que as freguesias periféricas crescem também!

NOTA: o título desta Krónika foi gentilmente cedido pela súbita mudança de nome do apeadeiro do Cavaco, qualquer semelhança com outras designações terá sido fruto da circunstância.

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