quinta-feira, 2 de maio de 2013

Estado já pagou 50 mil euros de renda na Escola de Hotelaria da Feira depois de a fechar


Entre Julho e Dezembro do ano passado, o Turismo de Portugal pagou rendas pelo edifício da antiga Escola de Hotelaria e Turismo de Santa Maria da Feira, que deixou de utilizar, num valor de cerca de 50 mil euros.
Entre Outubro e Dezembro, suportou, e continua a fazê-lo, as despesas de transporte dos alunos da escola da Feira para a congénere do Porto. E ainda não entregou o imóvel onde funcionou a Escola de Hotelaria da Feira, por não ter realizado as obras contratualizadas com o proprietário do espaço.
Esta duplicação de despesas está a ser contestada na Feira, mas o Turismo de Portugal garante que o encerramento da escola local permitirá uma poupança de 2,4 milhões de euros entre 2012 e 2016. A renda paga na Escola de Hotelaria da Feira, que encerrou em Julho, tem um custo mensal de 9854,26 euros e foi pago até ao final de 2012. Além disso, o Turismo de Portugal assegura o transporte de 14 alunos residentes na Feira para o Porto, e regresso, numa despesa de 3498 euros mensais. Paga ainda 1738 euros por mês relativos às deslocações para o Porto dos alunos que, não residindo na Feira, frequentavam a sua escola de Hotelaria.
O Turismo de Portugal admite a duplicação de encargos entre Outubro e Dezembro passados, mas garante que já está a poupar dinheiro. "Em termos financeiros, o encerramento da escola, ainda que incluídas as despesas tidas com transporte e alojamento de alunos deslocados, garantiu desde já no decurso de 2012 uma redução de cerca de 173 mil euros em relação à despesa total realizada no ano de 2011. Prevê-se, ainda, uma redução dos custos de operação de aproximadamente 472 mil euros no ano de 2013 e de 550 mil no ano de 2014 relativamente à despesa total de 2011", revela ao PÚBLICO fonte do instituto. A estimativa que apresenta é de uma redução de despesa de cerca de 2,4 milhões de euros em cinco anos, de 2012 a 2016.
O Turismo de Portugal adianta que, a partir de Janeiro deste ano, deixou de ter de pagar renda na Feira, porque o contrato terminou em Dezembro de 2012, o que implicaria uma renegociação com o proprietário do espaço. O instituto não comenta a possibilidade de o dono do edifício decidir exigir as rendas de Janeiro até agora, pelo facto de o imóvel ainda não ter sido entregue nas condições acordadas.
Recentemente, o presidente da Câmara da Feira, Alfredo Henriques, questionou o novo secretário de Estado do Turismo sobre o assunto, que anteriormente tinha abordado com a antecessora na pasta, Cecília Meireles, responsável pela condução do processo. As explicações ainda não chegaram. "O encerramento da escola contrariou o parecer da câmara, mas a questão está fechada. O que não se compreende é que, tendo a escola fechado, se continue a pagar uma renda elevada", refere o autarca.
A vereadora do PS, Margarida Gariso, também critica a decisão do Turismo de Portugal, as despesas com um espaço que não é utilizado e a não-calendarização do processo, de forma a evitar custos desnecessários. "Se o objectivo é cortar despesa, não é compreensível que se dupliquem custos ao fim de quase um ano desde que a escola fechou", acusa. "Se não estavam suficientemente preparados, deviam ter pensado nisso antes, até terem as condições necessárias. Estão a lidar com os dinheiros dos contribuintes", acrescenta.
O Turismo de Portugal refere, no entanto, que a transição seria sempre inevitável, por vários motivos. "Qualquer que fosse a data de encerramento da Escola de Santa Maria da Feira, esse período de transição seria sempre necessário de modo a minimizar os impactos da decisão de encerramento junto dos alunos implicados e garantir o prazo necessário para todas as operações de desactivação, sejam remoção de equipamento e comunicações, assim como a cessação dos contratos de serviços existentes para o funcionamento daquela escola".

@ Público

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