quarta-feira, 21 de março de 2007

A Alma e a Gente Feirenses

Finalmente tive algum tempo para olhar com olhos de ver a emissão do programa A Alma e a Gente de José Hermano Saraiva dedicada a Santa Maria da Feira. Para começar há que falar na péssima produção e na fraca qualidade das imagens. O dia escolhido para as gravações não foi o melhor, e toda aquela neblina em nada favoreceu a imagem. Para alem disso, alguns erros passaram durante a emissão, um deles de tal modo grave que não sei como não se aperceberam. Fala-se na área correcta do concelho, o mesmo acontece com a densidade populacional… mas agora parece que a Feira tem “duzentos e tantos mil habitantes”. Que eu saiba ainda não chega a cento e cinquenta mil! Se calhar crescemos depressa demais e ninguém se apercebeu!
Agora sobre pormenores, foram muitos os dignos de nota, até porque na sua maioria passam ao lado de todos os habitantes. O maior deles é a lenda do Monte das Corujeiras, que vou deixar para outro dia, porque gastaria bastante tempo com isso. Para já ficamos com um pouco de história.

O programa começa com uma breve descrição do Castelo. “Estou num lugar intrigante… Cheio de interesse e de mistério”. Para começar era um bom pronuncio… bom para captar a atenção! Mas logo a seguir fala-se que está envolto num “imbróglio de problemas”. Bem, começamos a descambar! Mas até faz algum sentido. O que está por baixo do castelo? Durante as últimas escavações encontraram-se vários vestígios de povoações anteriores. O próprio Castelo já remonta a datas que nos obrigam a recuar cerca de mil anos, mas não ficamos por aqui. Achados mais antigos comprovam a presença da civilização Romana há mais de dois mil anos, e ainda vestígios dos Cartagenos, com mais de três mil anos! Afinal aquele espaço foi descoberto bem mais cedo do que todos pensávamos.
É também retomada a lenda de que “o mar já cá esteve e há-de retornar para levar uma conchinha que cá deixou”. Muitos pensavam que só uma lenda, mas pelas investigações parece que é mesmo Real. No tempo de Cártaga, o mar retalhava fortemente o actual mapa de Portugal e chegava mesmo ao fundo da colina sobranceira ao Castelo. Assim, este local assumia já nessa altura uma importância muito grande, com um porto de negócios que fazia concorrência directa com a Foz do Douro. Os povoados castrejos viviam no cimo das ilhotas que existiam por aqui. Seria um aspecto bem diferente. Segundo o próprio historiador, esta lenda pode também ser encarada como uma profecia de que o mar cá irá voltar, e já está a subir! Não será um grande exagero?
Uns anos mais tarde, e já sem mar, surgia a Terra de Santa Maria, nome atribuído possivelmente por frades franceses que vinham fazer a recristianização desta “Terra de Muçulmanos”. Por essa altura nascia a Feira que deu nome à terra, sendo a primeira função do Castelo a protecção a esse grande mercado que chamava gente inclusivé do Reino Mouro do Sul. Esta grande feira existia na fronteira dos dois Reinos e seria, então, um ponto de troca de produtos muito importante.
Este Castelo já foi Castro, Fortaleza militar, Palácio e hoje é um dos mais importantes Monumentos Nacionais deste país.

Para terminar avança no tempo para contar a história da Lourença Pinto – a senhora do papel de Paços de Brandão – que com a sua força de vontade consegue introduzir em Portugal um produto novo que veio a assumir grande importância. Com isto José Hermano Saraiva fala de uma Terra sem riqueza, já que é arenosa – um antigo fundo de mar – mas muito rica em ideias.
Assim avança para as ideias que transformaram a Feira no maior centro corticeiro do Mundo, com mais de 600 empresas a laborar, e da brilhante ideia de fazer sapatos face a uma estrada de grande passagem, que hoje também faz desta região uma das maiores produtoras de calçado do Mundo.
Como remate final fala-se de uma população que deve ser orgulho para todos os Portugueses e acaba dizendo que “o futuro está nas nossas mãos, ou melhor, tem de partir das nossas cabeças”.
Brevemente contarei a lenda do Monte das Corujeiras que explica a conversão deste povo à fé Cristã.

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