sábado, 30 de maio de 2009

CCTAR na Pedreira das Penas

Dissipam-se as dúvidas... apresenta-se um grande projecto. Ao primeiro impacto não encontro adjectivos para descrever aquilo que vi e ouvi há poucos minutos. Terminada que está a Conferência de apresentação do projecto base de arquitectura do Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua de Santa Maria da Feira continuo a tentar recompor-me do mega projecto que foi descrito. Não é que o Centro em si seja maior do que estava previsto, mas a localização escolhida e os pormenores do projecto são deveras fabulosos.
Renzo Barsotti abriu a palestra com uma breve descrição do Centro e a sua justificação na tradição feirense nas artes de rua, ímpar em Portugal. De seguida o arquitecto Bernardo Rodrigues era convidado a apresentar o seu projecto para o CCTAR.
Para começar há que realçar que as duas propostas de localização que foram a concurso de ideias ficaram pelo caminho. A localização final é mesmo na degrada visual e ambientalmente Pedreira das Penas, em pleno centro de Santa Maria da Feira. O antigo Tribunal e antigo Matadouro ficam de fora.
O edifício desenvolve-se no limite poente do "lago" da pedreira, apresentando-se sob um grande espelho de água que permitirá nova inspiração para a criação de espectáculos. O terço mais a sul da pedreira será "seco" e ocupado por 3 pisos de estacionamento subterrâneo, assim como pelo acesso ao Centro. A construção neste local não afecta os terrenos da antiga fábrica, pelo que o acesso se fará pela Av. Egas Moniz, junto ao Cine Teatro. Para tal, as duas escolas E.B.1 serão demolidas dando lugar a uma nova praça para a cidade. Mas esta não será a única... no final do percurso de acesso ao edifício desenvolve-se uma Praça semi-coberta pela espectacular pala do edifício em S que em muito faz lembrar o Museu de Arte de Bilbao.
O edifício organiza-se em vários pisos, sendo que o mais inferior se destina à instalação de apartamentos para residências artísticas literalmente "debaixo de água". A sala de ensaios/montagens de 200 m2 comunica com o salão principal com cerca de 600 m2. Assim, o espaço amplo atinge os 800 m2, com pé direito que varia entre os 5 metros no extremo da sala de ensaios e os 17 metros no extremo oposto do salão.
Os pisos superiores destinam-se a salas para criação e outras actividades, serviços de apoio e direcção. O declive natural devidamente aproveitado permite outra opção de espectáculos exterior, através da utilização de uma estrutura flutuante no "lago" da pedreira.
O CCTAR, cujo projecto ainda está em fase de desenvolvimento marcará fortemente a evolução arquitectónica da cidade durante décadas. Um edifício desta natureza, num local tão sensível, que será francamente recuperado, deixará novo alento para a requalificação urbana da cidade feirense.
Por fim, o Presidente da Câmara, Alfredo Henriques, tomou da palavra para lembrar dos esforços que estão a ser feitos... e ainda do maior pormenor de todos: tudo isto não passa de um projecto que se não for aprovado em QREN não terá pernas para andar, pelo menos tão cedo.
Mas por outro lado, a cidade feirense é sem dúvida a cidade portuguesa com maior tradição e know-how acumulados neste domínio das indústrias criativas, daí que as possibilidades de aprovação do projecto sejam grandes.
De referir ainda que a correr tudo pelo melhor, sendo a candidatura QREN aprovada, dentro de 1 ano estaremos no Imaginarius 2010 a lançar a primeira pedra do CCTAR.

11 comentários:

Carlos Sousa SJM disse...

bem o projecto parece fantastico... so houve uma parte que nao entendi bem

...
"O edifício organiza-se em vários pisos, sendo que o mais inferior se destina à instalação de apartamentos para residências artísticas literalmente "debaixo de água"."
...

vao fazer apartamentos baixo do nivel do solo? Para pessoas morarem la nem que seja por um periodo pequeno de tempo?

Bruno Costa disse...

É mesmo isso... são pelo que percebi, embora ainda possa haver ajustes no projecto final, dois apartamentos T2, que se apropriam do conceito de navio... com as próprias janelas a representarem a temática.

Pedro disse...

Um projecto inovador e bastante interessante para a arquitectura feirense! Espero que não fique por aqui como outros projectos que nunca mais se ouviu falar neles, caso do Fórum Santa Maria da Feira!
Espero para ver imagens desde grande projecto para a cidade!

Mas no meio disto tudo fiquei com uma dúvida, se as duas escolas vão abaixo, é preciso fazer uma ou duas novas! Ficarei à espera de novidades em relação a esse assunto!

Saudações

Bruno Costa disse...

Quanto a imagens... essas mesmo é que contêm o impacto de que estou a falar. Ontem foram apresentadas algumas projecções do edifício que ainda irá sofrer pequenos ajustes no próximo mês. Espero que a imprensa regional de amanhã já as consiga divulgar... mas aquele S com um toque de rua inclinada ainda vai dar muito que falar!

Bruno Costa disse...

Bom, há 2 pontos aos quais consigo responder.

- Escolas
Há muito que a Carta Educativa da Feira prevê o encerramento daqueles estabelecimentos de ensino... assim que o Centro Escolar da Cruz esteja operacional. O processo vem-se arrastando, mas pelo que ouvi há poucas semanas, este centro escolar está no próximo lote de candidaturas que a Feira irá submeter.

- Forum
Efeitos da crise e de uns quantos projectos mal dimensionados. A MDC, empresa holandesa parceira da Jerónimo Martins no processo, suspendeu todos os Centros Comerciais em projecto no nosso país (apenas o Espaço Guimarães avançou para obra). Neste momento há cerca de uma dúzia de projectos à espera do "final da crise".

Pedro disse...

Fico à espera da imprensa de amanhã para ver este mega projecto!

Anónimo disse...

Hummmm... Ano de eleições, claro.
Parece-me coisa a mais.
Não concordo com a demolição de duas escolas primárias históricas da Vila da Feira construídas no início da década de 1940.
Já não chegava a demolição da antiga Escola Adães Bermudes há uns anos em frente à Escola Conde de Ferreira(antiga GNR). Com muita pena minha assim se vai destruindo o património local histórico.
Saudações a todos.
L.O.

Bruno Costa disse...

É verdade que é ano de elições... e isso pode acelerar muita coisa, mas ainda bem... até porque este processo ao contrário do que possa parecer já se arrasta há anos. E pelo menos neste processo há a máxima transparência: ninguém prometeu nada, só se afirma vamos fazer se a candidatura for aprovada. E quanto a isso acredito mesmo que sim.

Bruno Costa disse...

Quanto às Escolas, que já me passava, não vejo o que ficam lá a fazer. Há anos que sabe que vão ser desactivadas... agora surge uma hipótese de requalificar totalmente aquele espaço... não me parece que as escolas sejam obstáculo. É património é verdade... mas o que é melhor: ter dois edifícios que para pouco servem, ou uma cidade moderna, requalificada ambientalmente e um conjunto de infraestruturas, neste caso culturais e de estacionamento que lhe assegurem melhor vivência quotidiana e qualidade de vida?

Anónimo disse...

Olá bc23.
De acordo.
Só não estou de acordo com a sua afirmação: "ter dois edifícios que para pouco servem".
As duas escolas são muito funcionais apesar de antigas. Além disso tem prologamento dos edifícios nas traseiras junto ao recreio.
Um abraço.
L.O.

Bruno Costa disse...

L.O., só de acrescentar que os edifícios de pouco servem depois de se cumprir a Carta educativa, já aprovada e discutida publicamente... o encerramento das escolas.