sábado, 23 de outubro de 2010

Demolir o António Lamoso? Talvez não...

Confesso, para mim a eventual demolição do Cine Teatro António Lamoso, desde que para a concretização de um projecto de qualidade, não me parece despropositada. De qualquer forma, outras questões se levantam... e numa altura em que se pretende reforçar a ideia do "Palco de Experiências" e das MEMÓRIAS, não me parece que se deva avançar logo à partida para tal solução.
Há cerca de um mês que a questão anda no ar, e até agora ninguém se dignou a prestar esclarecimentos sobre o assunto. Foi decidido avançar com um novo projecto, sem que se explicitem as linhas gerais. Fala-se num projecto comercial na envolvente... somam-se os boatos e desviam-se as atenções.
Com os dados que tenho, acredito que seja possível avançar, a baixo custo, com um projecto de qualidade e impacto, mantendo o António Lamoso intacto. [NOTA: foi considerado o projecto comercial que tenho conhecimento ter dado entrada para licenciamento na autarquia há alguns meses; nos últimos dias falou-se em algo maior, mas na verdade nada é oficial]

A ideia da autarquia será dividir o CCTAR em 2 pólos. Deixemos de lado o pólo de criação e foquemos a atenção no pólo de apresentações. Criações de artes de rua, teatro, novo circo... bem, para o teatro temos uma GRANDE ESTRUTURA: o António Lamoso... para as artes de rua e novo circo, um auditório convencional não será certamente o ideal. Então, porque não manter a ideia original das duas salas?
E se a questão forem as grandes produções e o número de espectadores [aumento de 100 lugares de capacidade no novo projecto, face ao António Lamoso], a resposta estará no Europarque... Santa Maria da Feira não pode esquecer essa sala. É preciso olhar para o que temos como um todo e não apenas para uma sala!

Deste modo, passemos às sugestões.
Como acredito que nunca se pode reclamar sem dar alternativas, deixo um esquema da ideia que sugiro e uma breve descrição. Cine Teatro + Sala CCTAR + Praça Coberta [ou semi-coberta] + recuperação da Pedreira das Penas para zona verde e palco aquático... algo diferente e integrado, a baixo custo.


Proposta Krónikas Feirenses para o CCTAR/António Lamoso/Penas

A estrutura desenvolver-se-ia em torno de uma Praça [criada por demolição das escolas E.B. 1] que faria frente com a Av. Egas Moniz, no entroncamento com a Av. 25 de Abril, onde nasceria uma rotunda. Nessa rotunda ficaria, ainda, o acesso ao parque de estacionamento coberto [1]. Esta Praça deverá garantir a realização de espectáculos na maioria dos meses do ano, daí que a construção de uma pala completa ou parcial seja ponto a considerar. Do lado oposto ficará a Pedreira... o espelho de água... a zona verde.
Por debaixo da praça nasceria um corredor subterrâneo de ligação de serviço entre os três edifícios.

A norte da Praça nasceria a sala principal do CCTAR. Basicamente um PAVILHÃO de espectáculos, sem cadeiras fixas ou bancadas. O ideal seria uma lotação para até 1500 espectadores em pé, capaz de receber espectáculos sem palco fixo. O mesmo espaço poderia receber cadeiras sempre que tal fosse necessário, tornando-se tão polivalente e minimalista, como as arte de rua exigem.

A sul da Praça manter-se-ia, tal e qual como hoje, o Cine Teatro António Lamoso, alvo de requalificação [eventualmente posterior] de forma a aumentar a segurança e conforto, sem alterar a traça original.
A norte deste edifício, eventualmente com demolição parcial das zonas do bar e acesso posterior, nasceria um edifício de serviços, comum às duas salas de espectáculos. Bilheteira, cafetaria, biblioteca CCTAR, zona administrativa, salas de workshops, galeria de exposições, salas de ensaios, entre outros, ficariam aqui localizados.

A poente da Praça localiza-se a Pedreira, que ficaria tal e qual... sem edifícios. Seria alvo de requalificação ambiental, criando-se uma nova zona verde e o anfiteatro natural, já previsto no projecto anterior, com abertura de cena para o lago, de forma a potenciar o desenvolvimento de criações na água.
Na zona poente da Pedreira localizar-se-ia a saída do parque de estacionamento [2].

Sem complicações, mega-edifícios ou estruturas imponentes. Minimalismo e realismo, mantendo memórias e sem ferir o que já podemos chamar de tradições. Aguardemos pelos renders do projecto, que há-de ser divulgado brevemente, para concluir se as memórias permanecerão ou não vivas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pelo artigo. Está bem elaborado. O Cine-Teatro António Lamoso é uma sala de espectáculos com uma utilidade e procura muito grande. Talvez falte algum conforto, mas com algumas obras de suporte de apoio o cine-teatro pode ser melhorado. Além disso há que preservar a memória do extraordinário feirense que foi o Sr. António Lamoso Regal de Castro.
Quanto às Escolas Primárias não se vê solução para mudanças a curto prazo.
L.O.

Bruno Costa disse...

L.O.,
de uma forma muito genérica não me choca a proposta de destruir para criar de novo... mas o António Lamoso já tem um estatuto... seria como chegar ao Porto e dizer vamos demolir o Coliseu... chegar a Braga e dizer vamos demolir o Theatro Circo...
Por outro lado, não me parece que um auditório seja a melhor solução para a sala principal de um Centro de Artes de Rua... demorei umas semanas a aderir a esta causa, mas até uma proposta concreta que me convença não consigo aprovar a destruição do marco para a criação de uma sala para a qual o Europarque pode perfeitamente ser a solução. Ganhar 100 lugares não será significativo... e o Europarque pode ser utilizado no formato pequeno auditório... mais conforto seria mesmo a solução... maior segurança será imperativo... e ao longo com os mesmos serviços da apoio poderiamos ter a minimalista e cheia de condições Sala CCTAR, mais a recuperação da pedreira.

Quanto às escolas a autarquia considerou o centro escolar da cidade prioritário na próxima ronda... resta saber quando... mas com ou sem CCTAR o seu destino já era certo.