A notícia da realização de uma tourada na cidade Lourosa, Concelho de Santa Maria da Feira no próximo dia 6 de Maio, organizada pelo Lusitânia de Lourosa Futebol Club, choca não só pela barbárie que é uma iniciativa destas, mas principalmente pelo retrocesso civilizacional que representa.
É inconcebível que no séc. XXI se pondere a realização de actos de tortura mascarados como espectáculo. Será este o tipo de cultura que uma sociedade que se diz civilizada quer incutir às populações? O Bloco de Esquerda vem comunicar a sua forte oposição a este ato bárbaro, sem qualquer justificação.
O respeito pelo bem-estar de todos os animais deve estar entre os valores básicos da nossa civilização. A promoção do sofrimento de um animal como entretenimento, em detrimento da verdadeira cultura tradicional, é retirar a ambição da população para desenvolver o que de bom e educativo constitui a nossa identidade.
Por outro lado, esta iniciativa bárbara tem mesmo um carácter antipedagógico, levantando bandeiras que há muito deveriam estar enterradas. Mesmo que alguns tentem apresentar os argumentos da tradição e da cultura, é cada vez maior o número de portugueses que se recusam a empunhar o estandarte de apoiantes de tradições bárbaras, como são as touradas.
No caso de Lourosa, nem sequer podem utilizar o argumento da tradição, apenas o do prazer sádico de fazer sofrer e ver sofrer um animal indefeso. Não se compreende esta acção de pura promoção do sofrimento animal numa época em que deveríamos proceder à promoção da verdadeira cultura.
Num país como o nosso, em que a fome cultural é enorme, facilmente um clube de futebol encontraria formas contemporâneas de partilha e educação cultural. Preocupa-nos, também, as consequências que este culto do sofrimento terá na construção educacional dos nossos jovens.
Na presente época seria de esperar que a cultura se afirmasse como a aclamação da vida, como aclamação da própria modernidade e não através de um espectáculo degradante e desumano.
O BE apela ao bom senso, e que tanto a autarquia como a população se demarquem deste espectáculo abominável, sanguinário e cruel!
Por sua parte, o Bloco de Esquerda opõe-se e manifesta-se contra esta iniciativa e irá apresentar na próxima Assembleia Municipal uma proposta para que a Câmara Municipal não apoie, de qualquer forma possível, este tipo de iniciativas. Isto é, queremos que a Câmara se recuse a disponibilizar locais, logística, mão-de-obra, financiamento ou qualquer tipo de apoios a actividades de tortura animal.
Pelo Bloco de Esquerda Distrital de Aveiro
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