Ao primeiro dia desta viagem pelas necessidades do concelho feirense, paramos no conceito de Mobilidade. Em primeiro lugar, passo a esclarecer que neste conceito incluí tudo aquilo que possa afectar a mobilidade dos feirenses... como tal, acessibilidades, transportes públicos e estacionamento são os tópicos incluídos no tema geral.
Comecemos pelo princípio... uma mobilidade acessível a todos.
Para que tal seja possível, o transporte individual não pode ser solução número 1, com excepção do uso dos pés. A primeira medida passa pela revolução na rede de transportes públicos do concelho. As melhorias devem fazer-se a nível das rotas e horários de autocarros, implementação de serviço ferroviário adequado e aplicação de serviços logísticos em duas plataformas, vulgo Centros Coordenadores de Transportes, a implementar no concelho.
Como entendo que a nível do transporte público rodoviário as empresas privadas, atendendo à visão do lucro, nunca prestarão um serviço excelente, a autarquia deve dar passos em frente e tomar as rédeas do processo. O serviço TransFeira deve passar a uma rede de autocarros urbanos que sirva de um modo global o concelho, através de dois serviços distintos: um serviço interno na cidade (requalificação do existente de modo a torná-lo mais funcional, rápido e frequente) e uma rede baseada na circulação freguesias-sede de concelho, cuja proposta concreta descreverei mais à frente.
Por outro lado, as redes privadas deverão ser reorganizadas, num processo que já está a decorrer, de modo a evitar duplicações desnecessárias de percursos e se permitir que a globalidade do concelho fique no mínimo razoavelmente bem servida de transportes, pelo menos para as freguesias vizinhas, sede do concelho e ponto de acesso a redes de transportes mais vastas (os 2 CCT a criar).
Deve ainda atender-se aos horários de funcionamento das redes de transportes públicos e adequá-los à vida no século XXI e aos novos horários de trabalho, cada vez menos concentrados e previsíveis. Deverá haver circulação de autocarros mais cedo e prolongar-se até horas mais tardias.
Por último, sugiro a criação de uma rede nocturna, associada ao formato de TransFeira proposto, que sirva essencialmente a indústria da noite que continua a florescer no concelho. Proponho a criação de 2 linhas, com funcionamento às sextas, sábados e vésperas de feriado.

De acordo com os princípios anteriormente descritos, deixo uma proposta muito básica de rede para a TransFeira, que terá obrigatoriamente de ser complementada com a oferta privada existente.
- Cavaco » Cruz
Linha da cidade
Frequência de Passagem: 15/20 minutos
Alteração do percurso para serviço apenas dos 3 principais núcleos da cidade (Centro, Cruz e Cavaco), com a criação de rota linear com serviço nos dois sentidos, em detrimento da falhada rota circular.
- Paços de Brandão » Feira
Passagem em Rio Meão e S. João de Ver
Serviço das Zonas Industriais de Rio Meão e FeiraPark
Frequência de Passagem: 60/90 min
- Mosteirô » Mozelos
Passagem em Travanca, Feira, S. João de Ver e Lamas
Serviço das Zonas Industriais de Mosteirô, Silveirinha, PEC e Lamas/Mozelos
Frequência de Passagem: 60/90 min
- Romariz » Feira
Passagem em Milheirós de Poiares, Pigeiros, Arrifana, Escapães e Sanfins
Serviço das Zonas Industriais de Pigeiros/Romariz, Arrifana e PERM
Frequência de Passagem: 90/120 min
- Espargo » Escapães
Passagem em Feira, Fornos e Sanfins
Serviço das Zonas Industriais do Roligo e FeiraPark
Frequência de Passagem: 45/60 min
- Fornos » Canedo
Passagem em Feira, S. João de Ver, Fiães, S. Jorge, Lobão, Gião e Vila Maior
Serviço das Zonas Industrias de Cavaco/Corujeira, Ferradal, Gião e Canedo/Vila Maior
Frequência de Passagem: 90/120 min
Deixo ainda a sugestão de uma eventual rota a cortar o concelho de nascente para poente a norte, de modo a servir as freguesias do norte concelhio de mais rápido acesso ao CCT norte.
Esta proposta de rede integra-se na perspectiva de alargamento urbano e continuidade para freguesias periféricas e outras cidades do concelho, que será desenvolvida aquando da publicação do tópico Urbanismo.
No que respeita à rede nocturna, para já, proponho apenas a avaliação do horário ideal de funcionamento das linhas da rede normal e a criação de uma rede especial para o fim de semana, em função das rotas de diversão nocturna:
- Paços de Brandão - Feira
Passagem em Rio Meão e Espargo
Frequência de Passagem: 30/60 min
- Lobão - Feira
Passagem em Fiães, Lourosa e S. João de Ver
Frequência de Passagem: 30/60 min
Todo este processo deverá integrar-se com um programa de uniformização dos sistemas de bilheteira das diferentes empresas, a aplicar idealmente o
sistema "Andante" (bilhete único para a Àrea Metropolitana do Porto). A Feira deverá o quanto antes avançar com o programa de zonamento, de modo a integrar o seu território neste sistema, em que o tarifário se constrói de uma forma intuitiva através de um sistema de anéis de zonas.
O
Transporte Ferroviário deverá constituir-se como a prioridade para a próxima década. Um estudo de fundo sobre o futuro e rentabilidade do traçado actual da Linha do Vouga já peca por tardio. A região EDV não pode continuar sem ligação ferroviária ao Porto. A criação de uma nova linha (seja comboio ou metro) desde a Feira até ao Porto é já unânime, resta agora a criação de capacidade reivindicativa para que tal se concretize para ontem!
A proposta Krónikas Feirenses passa pela integração da nova linha e da linha do Vale do Vouga na rede de Metro do Porto, com utilização de composições tram-train, que serão implementadas também na Linha da Póvoa e que conseguem atingir velocidades muito superiores ao veículo convencional. O troço entre OAZ e a Feira deveria ver a via duplicada e instalado um sistema semelhante ao que se pretente instalar entre Arrifana e SJM. A nova linha cruzaria a actual no CCT da cidade da Feira e permitira a ligação dos concelhos de SJM e OAZ ao Porto através da nova linha a construir nas imediações da EN1.
Um outro ponto fulcral em todo o sistema de transporte é a instalação de
Centros Coordenadores de Transportes. No caso da Feira, é já certa a criação de 2, resta agora conhecer os timmings. Na cidade da Feira deverá ser erguida uma estrutura que consiga reunir as redes de transportes urbanos com as redes privadas de autocarros e serviços expresso, assim como o cruzamento das duas linhas ferroviárias previstas, conseguindo ainda conciliar a ligação a taxi e o estacionamento de viaturas. Mais a norte, previsivelmente em Lourosa, deverá ser criada uma espécie de posto avançado do CCT, que permita a ligação das freguesias mais a norte e do interior do concelho a outras linhas de autocarro e também à nova linha ferroviária, sem nunca esquecer a possibilidade de estacionamento de veículos.
Depois de tudo isto, até poderia parecer que o conceito de mobilidade já estaria completamente resolvido, mas faltam ainda 2 pontos:
estacionamento urbano e acessibilidades. Encontra-se já em curso a 1ª fase do plano de estacionamento da cidade de Santa Maria da Feira. Dentro de 2 meses, as ruas mais centrais da cidade assistirão às instalação de parcómetros em cerca de 700 lugares de estacionamento de superfície e abrirá ao público o parque des estacionamento do empreendimento D. Manuel I, com cerca de 300 lugares. Mas isto é só o começo... a cidade fica longe de estar servida. Neste campo proponho mais duas fases distintas de actuação.
Numa 2ª fase proponho a instalação de parcómetros na zona da Cruz, mais propriamente na Av. Francisco Sá Carneiro e eventualmente em algumas artérias envolventes, assim como a criação de um parque subterrâneo nesta zona (mais pormenores mais à frente), expansão dos parques das Piscinas e Av. Belchior Cardoso Costa e construção de um verdadeiro parque na envolvente aos Bombeiros.
Mais tarde, numa 3ª fase deverá ser avaliada a necessidade de parcómetros na zona de ligação Centro-Cruz e a construção de parque subterrâneo na Pedreira do Montinho. Deverá ao final de alguns anos reavaliar-se a zona central e eventual necessidade de alargamento da rede de parcómetros.
Quanto ao estacionamento subterrâneo na Cruz, há anos que ouço falar da impossibilidade de o construir. Pois é, depois de muito olhar para o mapa (confesso, até foi quase à primeira espreitadela) lá estava a solução... e bem à vista de todos. Ao lado do Hotel Nova Cruz, nas traseiras de um dos edifícios na zona nascente da Av. Sá Carneiro está disponível um grande terreno para construção
(VER mapa abaixo). A proposta que deixo, passa pela inclusão de parque no empreendimento a construir neste local.
Antes de passar ao último ponto do dia de hoje, reparo num pequeno grande pormenor... com todas estas propostas, passamos a ter um conjunto de projectos que necessita de gestão: vejo na constituição de uma empresa municipal a solução. A dita empresa ficaria responsável pela rede TransFeira a implementar, pela exploração dos parcómetros e parques de estacionamento (esperemos que não seja tarde demais) e pela gestão dos CCT.
Por fim, mas não com menos importância, temos as Acessibilidades. E num concelho que afinal é dado que um dos melhores serviços por vias de impacto nacional, afinal há muito a fazer. A construção da A32 e a conclusão da A41 (IC24) parecem não constituir problema. A indispensável via Feira-Arouca é sem dúvida a maior urgência do concelho, da região e talvez uma das maiores do país, mesmo assim, a obra teima em ser atrasada... tudo à conta das dificuldades (leia-se €€€€€) de um projecto que não pode ser barato. Ora veja-se, construir uma auto-estrada no meio de uma cidade não é tarefa fácil, mas é essencial... os desnivelamentos e reestabelecimentos de circulação são imprescindíveis, e neste ponto concordo que se reclame do projecto até que se cumpram todos os requisitos mínimos... já que muitos continuam a faltar.
Se nas primeiras o caso até vai andando, temos outras questões. O Eixo das Cortiças é uma obra fundamental para as acessibilidades no eixo idustrial norte do concelho e leva 20 anos de atraso... será desta? Será mesmo possível a integração do troço A32-PEC na concessão da auto-estrada?
A via Feira-Nogueira também teima em não sair do papel. Há meio ano foi inaugurado o primeiro troço, mas este para pouco mais serve do que possibilitar o acesso ao PEC.
Por último, e sabendo que não toquei em todas as necessidades, mas apenas nas primordiais e de maior impacto concelhio, falo no antigo traçado para o IC2. Uma vez que vamos ter um "IC2" com portagens, já seria tempo de se repensar o projecto para o antigo traçado e implementar uma via de características diferentes (uma faixa para cada sentido sem separador), mas sem características urbanas, que permita uma maior fluidez do trânsito naquela zona do concelho.
Por outro lado torna-se cada vez mais urgente lutar pelo acesso sem portagens ao Porto (pelo menos um, numa altura em que a A29 é ameaçada de portagens... embora não acredite que tal aconteça no troço Maceda-Gaia) e criação de alternativas à A29, nem que seja preciso recorrer à solução avançada pela Câmara de Gaia: eliminar as portagens na A1 entre a Feira e Grijó.
Mesmo no final deixo uma nota para a requalificação e revisão das condições de segurança de toda a rede viária urbana e suburbana do concelho.