Vouguinha XXI, assim o vou designar a partir de agora.
Confesso que ponderei muito ao longo da última semana sobre
a forma de abordar esta questão: o estudo encomendado à TRENMO sobre a
viabilidade financeira da Linha do Vouga. Vamos por partes.
Antes de qualquer outro facto, devo salientar os resultados
do estudo, ou seja, a garantia da sustentabilidade da linha, mesmo com um
investimento em modernização de quase 70 milhões de euros. Mas por outro lado,
sou obrigado a apontar questões limitativas dessa mesma viabilidade. Mas antes
disso, deixo um resumo do que se propõe executar.
Mantendo o traçado base actual, seria redesenhado o trajecto, com
recurso a 9 variantes, um túnel (Paços de Brandão) e um novo viaduto sobre a
A1, de forma a diminuir a extensão total, desfazendo, ainda, as curvas apertadas, de forma a
elevar o patamar de velocidade aos 90Km/h. Depois de Silvalde, a “nova” linha
ligaria directamente à Linha do Norte, de forma a permitir acesso directo ao
Porto.
Uma das maiores questões prendeu-se com a estação "Villa da
Feira" e uma eventual redução da sua cota, como algumas vezes já cá sugeri, embora
neste caso o traçado actual tenha sido a base do estudo. Atendendo aos custos
elevados, a principal estação da cidade de Santa Maria da Feira seria deslocada
para o Cavaco (por si só não me parece mal, mas à frente levantarei outra questão quanto a este caso).
Por outro lado, são propostas melhorias a outros níveis:
i) parques de estacionamento gratuitos para utilizadores do comboio,
nas estações de Oliveira de Azeméis, Couto de Cucujães, Faria, S. João da
Madeira, Arrifana e Santa Maria da Feira;
ii) acréscimo de duas a três linhas de 80
metros, para a instalações de coberturas para passageiros a toda a extensão da
linha, permitindo, ainda, cruzamentos e estacionamento de material circulante nas
estações de Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e
Paços de Brandão.
Numa abordagem ligeira e meramente superficial, encontramos
uma solução imediata para o Vouguinha e as populações actualmente servidas, mas
diria que poderíamos ir bem mais longe. Não querendo diminuir o mérito e as
razões deste estudo, parece-me de todo pertinente que o avanço para qualquer
obra seja complementado com uma alternativa mais lógica e com maiores
garantidas de utilização massiva. Assim, um desvio da rota após a cidade de Santa
Maria da Feira, criando uma nova linha com traçado paralelo à EN1 seria uma opção a considerar. Com isto a
linha passaria a incluir entre a Feira e Gaia um número acrescido de potenciais
utilizadores, que numa abordagem também ela superficial poderia ser superior a
150mil. Mas teríamos um leque bem mais vasto de vantagens, veja-se:
i) reforço a ideia o
acréscimo de potenciais passageiros;
ii) evita-se o congestionamento da Linha do Norte, que hoje se
encontra sobrelotada, impedindo os comboios rápidos de tiraram o máximo partido
da sua tecnologia, circulando a velocidades mais baixas do que seria adequado;
iii) numa altura em que se fala numa segunda linha
(eventualmente só de mercadorias) Aveiro-Porto para reduzir o problema descrito
em ii), este projecto poderia juntar-se à ideia, dando uma resposta integrada a dois problemas;
iv) a concepção de um traçado utilizando a Linha do Norte terá como consequência imediata mais um serviço duplicado para a faixa litoral do concelho de Gaia, que não se revela a mais populosa do mesmo.
Devo, ainda, reforçar que a meu ver, neste estudo não estão
salvaguardadas as questões de intermodalidade global de transportes. Veja-se o caso da
cidade feirense, onde será impensável fazer a intermodalidade com os serviços
rodoviários de passageiros nacionais a 3Km do acesso da A1, quando os mesmos se
baseiam nessa premissa de proximidade. Assim, aquilo que já cá sugeri
continuará válido: desviando a linha para que a estação central e eventualmente única
(poderia substituir eventualmente a totalidade das estações Villa da Feira, Sanfins e Cavaco) se pudesse
localizar nas traseiras do Hospital de S. Sebastião. Ou seja, o mesmo local
onde parece haver entendimento entre as várias partes para a concentração dos
serviços rodoviários de passageiros na cidade.
Quanto a pormenores dessa mesma sugestão, remeto para o post
que cá deixei há quase dois meses, até porque não vale a pena repetir toda a
informação: resumo apenas que apesar disto se sugeria manutenção de um ramal entre a
nova linha e a cidade de Espinho, garantindo a continuidade do serviço às populações hoje
servidas e um acesso mais eficaz ao transporte ferroviário para sul.
Assim, o estudo apresentado há uma semana revela-se de
extrema importância para a abertura de uma discussão pública mais vasta e que
esclareça outras opções, de forma a garantir o acesso da região a um eficaz
sistema de transporte ferroviário que seja sustentável a longo prazo. Deixo só um alerta, até porque a não considerarmos o acesso a um número maior de potenciais utilizadores, poderemos encontrar no futuro um "deserto de latão", a somar ao previsível e anunciado "deserto de betão" que rasga o interior do concelho... e também nesse caso, não faltaram avisos.
1 comentário:
Caro Bruno Costa,
Sou utilizador dos autocarros Transdev e na minha opiniao é indispensavel e urgente que se avance rapidamente para a construção de uma central de transportes ( como tem sjm com o centro coordenador ). As condiçoes para os passageiros aguardarem pelo autocarro em dias de chuvas são muito más sendo que com o tal centro as pessoas poderiam aguardar dentro comodamente.
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