O
presidente do clube de Santa Maria da Feira assumiu, nesta entrevista, o
seu sportinguismo, mas foi com igual naturalidade que desejou o fim do
ciclo vitorioso leonino já no compromisso de hoje, que, para sua
tristeza, ainda não será realizado no renovado Marcolino de Castro.
RECORD
– Estamos prestes a dobrar o primeiro terço do campeonato e o Feirense
continua a jogar em casa emprestada. Qual a razão dessa situação?
RODRIGO
NUNES – Porque é o normal nestas situações. Sempre que nos metemos em
obras, as coisas não correm como pretendíamos. Esta é uma obra enorme,
uma transformação muito grande... Já sabíamos que a Liga não ia aprovar o
estádio nas condições em que está, até porque o jogo desta jornada é de
alto risco, com um grande do futebol português e iríamos ter,
seguramente, lotação esgotada. Para primeiro jogo depois da remodelação
podia ser complicado.
R – E para quando está previsto o regresso a casa, ao renovado Marcolino de Castro?
RN
– O próximo jogo em casa é com o Rio Ave, a 17 de novembro. Portanto,
temos quase um mês para terminar as obras. Estou convencido que nesse
dia vamos disputar o primeiro jogo da época em nossa casa.
R – Algum problema com o relvado?
RN
– Não, o relvado está excelente e o estádio está bonito: as entradas,
os acessos, os torniquetes, algumas partes dos camarotes e das salas de
apoio, o próprio balneário... Havia ali algumas situações que tínhamos
de terminar. Estamos satisfeitos com aquilo que está feito, com esta
obra fantástica que está a orgulhar todos os feirenses.
R – O estádio fica no centro da cidade, não teria sido preferível construir um novo?
RN
– Sim, nós pensámos nisso. Desde que tomámos posse, há 10 anos,
pensámos sempre que o futuro passaria pela construção de um estádio no
nosso complexo desportivo, numa freguesia de Santa Maria da Feira. Não
foi possível, porque houve alguns entraves não só com a aquisição de
terrenos junto ao nosso complexo, mas também porque o estádio atual foi
oferecido pelo senhor Marcolino de Castro e, até à terceira geração, a
família tem uma palavra a dizer sobre a alienação daquele espaço e,
neste tempo todo, não conseguimos chegar a acordo com a família e foi-se
perdurando a construção de um novo estádio. Mas, agora, porque subimos e
porque precisávamos de rapidamente realizar obras ou construir um
estádio novo para podermos fazer os jogos na Liga Zon Sagres, achámos
que esta era a maneira mais rápida e remodelámos o Marcolino de Castro.
Iniciámos o projeto com a ideia de que não íamos fazer tantas obras de
fundo, mas depois, porque ficava melhor uma determinada bancada, um
determinado balneário ou mesmo os camarotes, avançámos a fundo e, hoje,
creio que temos estádio para mais 30 anos. Tão cedo não vamos pensar na
construção de um novo estádio.
R – É possível avaliar os gastos que têm tido com esta situação? Isso pode provocar desvio nas contas do Feirense?
RN
– Não tivemos custos absolutamente nenhuns com o Estádio do Mergulhão.
Foi uma oferta da direção do Cesarense, porque o nosso
presidente-adjunto, o senhor Franklim Freitas, é natural de Cesar e,
como ele nos tem ajudado muito, nós achámos que lhe devíamos prestar
esta simbólica homenagem e fizemos o jogo da Taça de Portugal, com o
Nacional, no Mergulhão. Quanto ao Estádio Municipal de Aveiro, temos
custos e eles são elevados. Mesmo com a receita do jogo com o FC Porto,
ainda não tivemos qualquer proveito económico por jogarmos no Municipal
de Aveiro.
R – O jogo deste domingo com o Sporting pode contrariar essa tendência?
RN
– Eu espero que sim, até pelo momento do Sporting. O leão esteve muitos
anos adormecido e espero que este entusiasmo que se nota seja motivo
para o Municipal de Aveiro ter uma boa casa.
R – É simpatizante do Sporting?
RN – Sou, sou. O meu segundo clube é realmente o Sporting, mas neste jogo quero, claramente, que o Feirense ganhe por 10-0.
R – Então não tem o coração dividido?
RN
– De maneira nenhuma. Nem se põe essa hipótese. Às vezes pensava nisso,
pensava como seria defrontar o Sporting, mas a vontade que o Feirense
ganhe é tanta... E por vários motivos: porque sou o presidente, porque
quero que o meu clube consiga manter-se na Liga Zon Sagres e porque, se
conseguíssemos vencer o Sporting, até iríamos fazer história. Esta é a
quarta vez que o Feirense está na principal liga do futebol português e
nunca ganhou a nenhum dos grandes. O facto de isso poder acontecer este
domingo é fantástico, seria um momento memorável.
R – Sente coração apertado pelo momento do Sporting? Acha que o Feirense pode sofrer bastante esta noite?
RN
– É evidente que o Feirense vai sofrer. Era melhor recebermos o
Sporting numa altura em que a sua equipa estivesse menos bem, mas o
momento que atravessa também é bom e por tudo: pela receita, pela festa e
também poderá ser bom para nós, porque eles podem estar um bocado
distraídos. Esta semana também me senti..., vá lá, satisfeito, por ouvir
os dirigentes do Sporting mais preocupados com os bilhetes para o jogo
com o Benfica do que com o jogo com o Feirense. Não se preocuparam com o
facto de terem mais 2 jogos até ao Benfica. Esta euforia que se vive no
Sporting pode não ser a mesma quando chegar o jogo com o Benfica. O
Sporting pode chegar ao Benfica com 9 pontos de atraso, pois tem mais 2
jogos para realizar. Esta euforia é boa, eu espero que quer os jogadores
quer o Domingos estejam a pensar como os dirigentes do Sporting e que
se distraiam um bocadinho.
@ Record
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