sábado, 29 de outubro de 2011

Alfredo Henriques sobre o futuro do Europarque


Alfredo Henriques, presidente da Câmara Municipal de Feira, responde a cinco questões colocadas pelo Negócios sobre o Europarque. 

O Europarque vai passar para as mãos do Estado. Como vê este processo? 
A nossa grande preocupação, e que há-de ser a preocupação de todos os portugueses, é de saber o que é que vai ser feito a um equipamento como aquele... 

O que é que a AEP lhe disse? 
A AEP foi-me mantendo ao corrente, sendo que a sua situação financeira não lhe permite outra coisa que não seja deixar que os bancos executem o aval do Estado. A partir daí, quem vai ter de decidir o que é que se vai fazer do Europarque será o Estado, que é quem vai pagar. 

Já teve contactos com o Governo sobre esta matéria? 
Alguns dos contactos que tem havido é com a secretária de Estado do Tesouro [Maria Luís Albuquerque], que é quem tem este processo. Vamos lá ver qual é a ideia que tem sobre isto, se quer manter o diálogo com a câmara e a AEP para manter o Europarque com os mesmo fins, naturalmente com as modificações que sejam necessárias, ou então... Enfim, teremos que ver qual é a perspectiva de quem paga, ou seja, o Estado. Mas ainda não tive a possibilidade de estar frente-a-frente com a secretária de Estado para pôr esta questão em cima da mesa. 

A decisão do novo dono até pode ser fechar o Europarque, certo? 
É o pior que pode acontecer. Espero que quem vai pagar, que é o Estado, juntamente com outras entidades, incluindo a câmara e a própria AEP, possa encontrar uma solução, pelo menos para a manutenção do equipamento ao serviço dos portugueses. 

Mas pode fechar... 
Sim, quem paga pode fechar. Se [o Estado] disser que fica fechado... fica fechado! Mas acho que qualquer pessoa de bom senso, face ao investimento que está ali feito, nunca adoptaria essa solução.

@ Jornal de Negócios

NOTA: Numa mera opinião pessoal, e dado o actual alinhamento de ideias do Estado, o caminho poderá ser paralelo à solução a adoptar para o Pavilhão Atlântico. Uma privatização [pós "nacionalização"] ou concessão será, provavelmente, o futuro do centro cultural e de congressos nos próximos meses.

21 comentários:

Anónimo disse...

Ja a acontecer o que muitos ja previam ha anos a este elefante branco feirense/ovarense. Mais um buraco para o Estado, para os nossos impostos

Carlos Sousa SJM disse...

Ja ha muito que se falava que o europarque nao conseguia gerar receitas suficientes para cobrir todos os encargos...

Mas acho que esta situaçao pode tornar-se positiva para SMF isto atendendo que se tem feito noutras instituiçoes...

o estado paga o calote e depois vende na melhor proposta o que pode significar para SMF comprar um estrutura por um valor ridiculo pois acho que o estado nao quer mais um buraco para gerir.

o que escrevi nao é correcto sobre o ponto de vista de cidadao pagante de impostos... mas o que vamos fazer, o estado somos todos nos, pena que os que sao eleitos muitas das vezes nao sejam responsabilizados pelas trapaças que fazem, eles nao estao la de graça sao muito bem pagos ao fim do mes. Se têm direitos (ordenado ao fim do mes) tambem tem a obrigação de fazer boa gestao dos rescursos do estado. Fazem m**da... paguem...

Anónimo disse...

Depois da saída do Ludgero a AEP morreu.

Maria da Feira disse...

Nenhuma empresa vai querer pegar nisto. Não se pode comparar o pavilhao atlantico, "casa" dos maiores espectaculos no pais localizado no centro de lisboa, para um europarque localizado nos arredores do Porto (é assim que o rotulam), no meio dos montes, com uma programação (chamemos assim para sermos simpaticos) de segunda linha. É uma pena serem os nossos impostos a pagar estas más politicas

Bruno Costa disse...

Apenas uma opinião, Maria.
De facto a programação passou a ser de "segunda linha" desde que a AEP deixou de ter visão estratégica para o Europarque e para Exponor e centrou ideias no projecto do Pavilhão Rosa Mota (a ver vamos se avança). Mas, como deves compreender, a programação é da inteira responsabilidade do promotor e/ou proprietário. Quero eu dizer com isso que a programação actual em nada será obstáculo à digna utilização do espaço no futuro.
E, reafirmo, no contexto actual acredito que teremos PA e EURP no mesmo processo de "privatizações". Nesta fase, conta o espaço e as suas condições e não a programação que se faz e/ou fez. Em dois meses facilmente mudas esse facto. :)

Carlos Sousa SJM disse...

O pavilhao atlantico esta numa das melhores localizaçoes do pais o mesmo nao se pode dizer do europarque.

penso que o melhor promotor para o europarque sera a propria Camara de SMF, nao estou a ver grandes promotores do norte (sonae) a querer pegar no estrutura.

uma pequena divagaçao... nao seria uma boa ideia tentar reconverter parte da estrutura do europarque e fazer la o que se vai fazer na caixa das artes... poderia-se poupar muito dinheiro se possivel claro.

Bruno Costa disse...

Carlos, do que me pareceu, a Câmara da Feira não se deverá chegar à frente no processo Europarque.

No que à Caixa das Artes diz respeito, na minha opinião, o Europarque não será opção. Este projecto vive de dinâmicas mais urbanas e não de um ambiente mais tranquilo, que se pretende desde sempre no Europarque. Além de que o projecto no centro da cidade tem segundo (requalificação da pedreira) e terceiro objectivo (requalificação/substituição do cine-teatro, que nunca será um concorrente do Europarque).
Por outro lado, o pólo de criação (zona industrial do Roligo) em nada teria de vantagens na mudança para o Europarque, uma vez que tudo teria de ser instalado e (re)construído de raiz, ou seja, o custo acabaria por ser o mesmo.

Quanto a investidores, isso é muito subjectivo. Em Portugal, até hoje, o mercado de espectáculos sempre se dividiu em produtores de espectáculos e gestores de espaços culturais. Com esta mudança no PA, e não só, o paradigma vai alterar-se. Não me parece que a PEV esteja em condições de assumir um projecto desta envergadura, mas um investidor não teria necessariamente de ser do norte, nem uma estrutura como a actualmente conhecemos.

Anónimo disse...

«Nenhuma»? O tempo provará o contrário.

Maria da Feira disse...

O Presidente da Câmara devia ter dito nesta entrevista o que é que a Camara fez para dinamizar este equipamento, qual o seu contributo. Recorde-me que, no tempo do saudoso vereador Carlos Martins, houve ali imensos eventos (Rock Feira, passagens de ano, programas de TV negociados tambem pela CM...), mas depois disso veio o nevoeiro. Gostei muito da ideia do carlossjm, pois seria uma boa opção não construir mais um equipamento quando temos um europarque a morrer.

Maria da Feira disse...

Ah! O nosso senhor presidente devia seguir o exemplo da nossa cidade-irmã Joué-Lès-Tours que tem uma estrutura do género do europarque mas com a grande diferente: o "europarque" de Joué-Lès-Tours aposta na criação artistica, aliando à educação, à formação e à criação, os espectáculos ali produzidos.

Bruno Costa disse...

A diferença do Europarque reside no facto de ser um espaço PRIVADO. Quando essa entidade privada quer apostar no espaço qualquer parceiro (como a Câmara fez em tempos) será um bom aliado. Quando o proprietário decide "desligar" nada há a fazer.

Quanto à questão da Caixa das Artes, volto a referir que, pelos motivos que acima enunciei, o Europarque não me parece solução. Mas obviamente que o conceito do espaço terá de mudar, disso já se tinha apercebido há muito Ludgero Marques. O conceito de congressos que ali se faziam está em mutação. Hoje os projectos são mais pequenos e realizados em pequenos centros de convenções nos próprios hotéis, com excepção de um número limitado, que não chega para manter economicamente o espaço.

Haverá muitas alternativas, mas até hoje (nos últimos 3 anos) o "dono" não pretendeu dinamizar e quando assim é ninguém de fora o poderá fazer.
Agora, será tempo de agir.

Maria da Feira disse...

Querido Bruno: o europarque vai deixar de ser PRIVADO para ser PUBLICO.

Bruno Costa disse...

Maria, não tenhas tanta certeza disso.
Numa primeira fase, sim será público, mas depois depende da opção do Governo. E na conjuntura actual, certamente será para privatizar.

Maria da Feira disse...

Um dos erros graves do nosso país, que fazem os nórdicos corar de raiva: a multiplicação de estruturas e equipamentos, em vez de se apostar na reutilização, na boa gestão de recursos, na junção de sinergias. Todas as freguesias, pequenas e grandes, têm imensos edifícios para tudo e para nada. Muitos estão fechados todos os dias, sem haver sequer dinheiro para a manutenção. Alguns abrem uma vez por semana para uma reunião de dirigentes... Temo que ainda haja quem não tenha aprendido com os erros do passado, que parece bem presente.

Bruno Costa disse...

Concordo, Maria. Mas isso não me faz mudar de ideias quanto à Caixa das Artes que, por si só, já aplica esse conceito da "reciclagem".
No Europarque será preciso fazer o mesmo, mas a nível de alinhamento de ideias e sinergias, devolvendo o espaço aos produtores e apostando mais na componente cultural e criativa (porque não educativa e de desenvolvimento industrial) e menos nos congressos.

Anónimo disse...

É isso Bruno, gosto dessa parte do desenvolvimento industrial.

Maria da Feira disse...

Bruno, adoraria que pudesse conhecer o "Europarque" de Joué-Lès-Tours. Com certeza iria mudar um pouquinho a sua opinião sobre o que pode ser um centro de artes e criatividade. O nosso ate poderia ganhar se ficasse junto ao visionarium, outro equipamento que não tarda terá o mesmo destino do europarque. Um polo de cultura, ciencia, arte e natureza.

Anónimo disse...

Parece-me excelente estudarem a transformação/adaptação do europarque para a caixa das artes. Não se deve dizer que nao antes de estudarem esse assunto para se perceber a viabilidade, ou não.

Anónimo disse...

ah, uma vez mais percebi. Com a caixa à vista, começa a pesar o factor extrinseco de sempre, e querem atrasar o projecto. Pena, a caixa vem aí.

Anónimo disse...

Este não percebeu nada...

Anónimo disse...

Vai à reunião de Câmara de hoje que passas a compreender ó das 18h19.