Imagem: 7sete |
Carregam pincéis, tintas e fio-de-prumo, vassouras e uma boa dose de
disposição. Não são pintores nem mestres na área, mas vão decorar o
recreio onde todos os dias brincam os filhos. São pais dos alunos que
frequentam a escola primária nº2, de Santa Maria da Feira e já não é a
primeira vez que assumem pequenos arranjos na escola, porque os tempos
assim o obrigam, porque também importa “dar um pouco de nós aos outros”.
Sentem o apelo do voluntariado e entendem que as “dificuldades da
actual conjuntura” obrigam a um esforço diferente. Por isso, arregaçam
as mangas e aproveitam o fim-de-semana para cuidarem do espaço que é
usado, à semana, pelos filhos. Já o fizeram muitas vezes e, por isso, na
EB1 nº 2 de Santa Maria da Feira estão lá várias marcas da Associação
de Pais. Desta vez, deslocaram-se à escola para pintar, no chão do
recreio, uma macaca. Linhas alinhadas com fio-de-prumo, réguas e vários
“especialistas” na matéria. Ao lado, as tintas e os pincéis que darão
vida e cor ao jogo que estão certos farão sorrisos nas crianças.
“Planeámos desenhar ali mais ao fundo o jogo do galo e um de xadrês” –
diz Paulo Matos, um dos pais que se prontificou para “trabalhar” na
escola que diariamente acolhe mais de 400 crianças distribuídas pelo
ensino básico e pré-escolar.
“Já no ano passado, colocámos a balizas e os resguardos do sol nas
janelas de um dos edifícios” – refere. O equipamento foi doado pela
Câmara Municipal e os pais trataram de o colocar no lugar certo. As
tarefas são divididas pelos pais. Hoje não estão ali os 15 elementos que
compõem a associação de pais, mas todos acabam por contribuir para o
bom funcionamento da escola. “Somos um grupo muito interessado” –
assevera o pai. Desta vez calhou ao Paulo, ao Marco, ao António, ao
Eloy, à Cecília, à Andreia e ao Miguel a tarefa de pintar.
“É a primeira vez que desempenho uma destas tarefas, mas considero
muito positivo este esforço” – diz Eloy Fernandes. A filha frequenta a
primeira classe e tem ainda muitos anos pela frente de escola primária.
“Ainda vai aproveitar muito a macaca nque estamos a desenhar”.
O desenho vai ficar pronto numa tarde, mas a memória desta tarde
“ficará para sempre”. “É importante que este envolvimento na escola
aconteça, por nós e pelos filhos. Eles sentem que nos preocupamos, que
partilhámos da vida deles” – diz Paulo Matos, salientando que este tipo
de acções “despertam sentimentos adormecidos, como o do voluntariado”,
algo que também quer passar à filha, actualmente a frequentar a terceira
classe. “Arranja-se sempre tempo. Às vezes com algum sacrifício, é
certo, mas vale bem a pena”.
@ 7sete
23 comentários:
É pena os pais terem de efetuar tarefas que competem ao Estado. os nossos impostos deviam servir para isso. Parabens, por isso, a estes incansaveis pais.
Essas tarefas não competem ao Estado, mas à Câmara Municipal. As escolas primárias pertencem à Câmara.
Assim se mede o sentido comunitário. Assim se mede o valor de uma sociedade. Pena que não seja assim em todo o país.
Os pais devem ocupar o seu tempo livre a educar os seus filhos, dando-lhes condições de aprendizagem. Para além de os apoiar em casa com trabalhos complementares aos da escola, devem educar para as artes e para o ambiente, por exemplo, através da visita a museus, parques, centros de educação ambiental. Educar para o sentido comunitário e o voluntariado é outra boa tarefa dos pais, mas isto pode acontecer nas instituições de solidariedade, onde as crianças e os jovens podem e devem dar um pouco do seu tempo nas múltiplas actividades ai realizadas e tão necessárias. Não devem, por isso, ocupar o seu tempo substituindo os poderes públicos. Um mau exemplo.
Para mim um BOM exemplo!
Sentido de cooperação e responsabilidade. A sociedade faz-se com as mãos de todos.
Mas continua lá a deitar abaixo aquilo que não cai, a tua missão inglória não dará frutos, logo não terá fim.
Chiça, caneco. Anda para aí um torrão que deve gostar de bater com a cabeça contra a parede. Mas cada um sabe de si. Irra que nunca vi este blogue tão animado, ver palhaços sem ir ao circo é bem porreiro.
Eu já imaginava que não irias entender a minha mensagem. E por falar em Educação, falta-lhe um pouco, não? (isto para ser simpática).
Entender até entendo, a perfeita frustração por ver projectos perfeitos na cidade que tanto tenta rebaixar. Pena que ninguém dê crédito a desabafos gerados por insónias precoces.
Educação é o que não me falta, mas apenas quando do outro lado ela se mostra. (isto para ser simpático/a)
Os portugueses são um povo duro de roer...desgastamo-nos em barulho, berraria e pouca produtividade...somos um colectivo em que as diferenças invejam e se nos permitimos a igualdades (relações horizontais) enfraquecem-nos...mas depois há um circuito obscuro da sociedade-providência que os políticos abusam...até um dia. Beijinhos
Os políticos só abusam quando os deixam abusar.
"por ver projectos perfeitos na cidade"
A perfeição não existe, meu querido. Com o tempo e a idade, irá perceber isso!
Se for preciso entraremos em discussões filosóficas, mas a perfeição não será mito nem utopia. Só nalgumas cabeças e isso não se aprende com a idade, é inato.
Concordo com aqueles que afirmam que os pais devem ocupar o seu pouco tempo livre a educar os seus filhos.
Excelente a educação destes pais.
Na foto veem-se 5 pais... esta escola terá uns 200 alunos. Ou seja, e como eu acho que ainda sei fazer continhas de multiplicar, 200 X 2 pais = 400 pais. Qual foi o site que chamou a isto notícia?!?
Pois é, ler a notícia não é má ideia.
15 pais na acção, porque são o core da associação e 400 alunos na escola. Só uns pormenores.
Esta escola não tem 400 alunos meu querido.
Minha querida, pois não. Passa ligeiramente os 400.
Discussão da treta. Adiante.
Informação constante no site do agrupamento de escolas fernando pessoa:
escola eb1 n.º 2 de smfeira: 223 alunos
só acrescentando os alunos da escola n.º 1, o n.º de alunos ultrapassaria os 400.
Há pessoas que escrevem aquilo que não sabem.
Já agora informa-te melhor na dita fonte que mostra bem o contrário. Não fales sem saber.
Voltou a não perceber nada...
Diria o mesmo.
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