Os Bombeiros Voluntários de Santa Maria da Feira apresentam, no próximo 
sábado (dia 26) o livro comemorativo dos seus 90 anos, "Associação 
Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Feira. 1921-2011 - 90 anos em 
Missão". A obra tem a coordenação de Roberto Carlos Reis, historiador de
 Santa Maria da Feira, de Luís Filipe Higino, investigador da História 
Local e Augusto Campos Pais, bombeiro-chefe.
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O livro "90 anos em Missão", resulta da compilação histórica de Roberto
 Carlos Reis, baseada nos artigos de M. Brandão, publicados no jornal 
“Correio da Feira” entre 1976 e 1977, na obra cronológica de Sérgio 
Pinho editada em 1997, em notas soltas recolhidas por Luís Filipe 
Higino, com a colaboração de Augusto Campos Pais. Reúne ainda diversos 
documentos, entre actas municipais, recortes de jornais, fotografias, 
testemunhos e outros documentos, que contam a história dos "soldados da 
paz" no concelho feirense.
 Segundo os coordenadores da obra, a ideia de criar bombeiros na então 
Vila da Feira remonta ao século XIX, ao ano de 1845. Neste ano, a Câmara
 Municipal, presidida por Bernardo José Correa de Sá, na sessão de 16 de
 Abril, aprovou o orçamento para o ano económico 1845-1846, averbando 
120.000 réis “Para a compra de uma bomba para apagar incêndios”.
 Entretanto, a mesma Câmara, tomava providências cautelares para evitar 
os incêndios, fazendo incluir, nas posturas aprovadas em sessão de 16 de
 Março de 1849, um capítulo referente a “chaminés”, com disposições 
muito severas, restritas porém aos dois maiores centros urbanos do 
concelho.
 “São obrigados os habitantes desta Villa e Arrifana a limpar e expurgar
 todos os mezes as chaminés das casas em que habitam, sob pena de que, 
ateando-se incêndio nas mesmas chaminés, por falta de limpeza, serão 
multados em quatro mil reis”.
 Na sessão da Câmara Municipal de 8 de Janeiro de 1876, o Dr. Joaquim 
Vaz de Oliveira, na qualidade de vice-presidente, apresentou uma série 
de propostas que ficaram célebres nos anais do município. Entre elas 
figura uma (número XXV) pedindo para “se tomar em consideração a 
necessidade da compra de uma bomba para incêndios”, sendo nomeada uma 
comissão, para o seu estudo, formada pelo proponente e pelos seus 
colegas, advogados e vereadores, António Augusto de Araújo e Melo e 
Francisco Correa de Pinho, inscrevendo-se, no orçamento de 1876-1877, a 
rubrica “Despesa com uma bomba de incêndios e aprestes respectivos e com
 o pessoal - 300.000 réis”. Nada resultou de útil, salientando-se que, 
desta vez, além do custo da aquisição de material já se vê o gasto com 
bombeiros.
 A população continuou a albergar-se no cómodo adágio de que só lembra 
Santa Bárbara quando troveja. Talvez porque tivesse trovejado com força,
 em 1888 agita-se, de novo, a ideia de organização do corpo de bombeiros
 nesta vila.
 Repetiu-se o insucesso, continuando a contar-se, em momentos de perigos
 e de desgraça, apenas com a heróica coragem e a abnegada dedicação do 
povo. Talvez porque tivesse trovejado com força, em 1888 agita-se, de 
novo, a ideia de organização do corpo de bombeiros nesta vila.
 Em Dezembro de 1914 ardeu totalmente a casa da Quintã, na referida 
freguesia de Fornos, pertencente à ilustre família Correa de Pinho: 
perdeu-se grande parte do seu precioso recheio.
 Em 1919 ardeu, na Vila da Feira, a casa localizada defronte das escadas da Igreja Matriz, de Júlio Fernandes Pinto.
 Em 22 de Agosto de 1920, outro pavoroso incêndio consumiu um prédio da 
rua Direita, perto da Igreja da Santa Casa da Misericórdia. Desta vez 
acudiram os bombeiros de Ovar, que nada puderam fazer por terem chegado 
tardiamente.
 Este último acontecimento, que relembrou, com amargura, os que o 
precederam, está na origem directa da fundação da Associação Humanitária
 dos Bombeiros Voluntários da Feira.
 Na sessão da Câmara Municipal de 9 de Novembro desse ano, o vereador 
João António de Andrade, apresentou uma exposição para justificar o 
pedido que fez da aquisição de uma bomba e dos utensílios indispensáveis
 para a criação do serviço de extinção de incêndios no concelho 
prevendo, para tal efeito, um gasto de 1.219$00.
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Abriu-se uma subscrição que, acarinhada com grande entusiasmo por todo o
 concelho e pelos nossos emigrantes, alcançou grande êxito em 
Assembleia-geral de 1 de Maio de 1921, aprovaram os seus estatutos e 
elegeram a comissão instaladora. Fruto do entusiasmo de João António de 
Andrade, assim se fundou a “Associação Humanitária dos Bombeiros 
Voluntários da Feira”.
 João António de Andrade natural de Guimarães, veio para a Vila da Feira
 ainda jovem como caixeiro. Casou nesta localidade em 1884 com a 
feirense D. Iria Albertina Gama de Andrade. Foi comerciante, embarcou 
depois para o Brasil e regressou com fortuna, vivendo depois dos 
rendimentos. Foi vereador da Câmara Municipal, altura em que se dedicou à
 tarefa da organização de um corpo de bombeiros na Vila da Feira. 
Faleceu com 59 anos de idade no início do mês de Junho de 1921, 
apanhando todos de surpresa, pouco mais de um mês após a data da 
fundação dos Bombeiros.
 Do programa da apresentação consta a actuação do Centenário Orfeão da 
Feira, seguindo-se a entrega do título de sócio benemérito a Manuel 
Santos Cavaco e do crachá de ouro a Alcides Branco. A apresentação está a
 cargo de um dos coordenadores da obra, o historiador Roberto Carlos 
Reis.
@ 7sete 
 
 
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