São mais de duas dezenas e juntam-se todos os dias na Alameda do antigo
Tribunal de Santa Maria da Feira… para praticar skate. Fazem-no desde o
início das férias de Verão e o hábito acabou por se enraizar assim como
tem raízes a paixão pela modalidade. Dizem que aquele é o único espaço
onde podem “dar largas… ao skate” e até trazem as vassouras de casa para
limpar um território que conquistaram.
O mais novo tem 12 anos. O mais velho 17. Frequentam todos a Escola
Secundária de Santa Maria da Feira, mas nem todos moram na cidade. Vêm
de vários cantos do Concelho, porque encontraram junto ao antigo
tribunal, o espaço para fazer deslizar as rodas dos skates que carregam
diariamente. “É uma filosofia” – diz Fábio Rocha. Há seis anos que
pratica a modalidade e apenas lamenta que, na cidade, não haja um campo
próprio para os skaters com equipamento e rampas adequadas à prática
deste desporto. Fizeram, por isso, da Alameda uma pista improvisada com
rampas construídas com tijolos de pedra e estrados de madeira. Juntam-se
todo os dias, a partir das 18h00 até à hora de regressarem a casa a pé -
ou como quem diz de skate - ou de autocarro. Com eles trazem a claque
que os acompanha. Elas apoiam os desportistas e asseguram as fotos que
ficarão para a posterioridade.
“Somos uma família” - diz “Mané”, como gosta de ser chamado. Mora em
Lobão e tem 14 anos. Não é há muito tempo que se aventura em cima do
skate, mas assegura que tem algum jeito. Juntou -se ao grupo no início
da férias e o ritual mantém -se até agora. Vão para ali porque não têm
outro espaço e usaram a imaginação para improvisar a sua pista. “Ao
fim-de-semana trazemos vassouras de casa e varremos a alameda, porque há
sempre lixo e vidros que nos podem magoar”.
Bruno Ferreira é o mais novo. Tem 12 anos. “Mas aqui a diferença de
idades não importa”. Importante mesmo é o skate e esse gosto que nos
une”. Ensinam-se uns aos outros e já há muitos “prós” no grupo. Fábio
Rocha é considerado um deles. É o que carrega o skate há mais tempo e o
faz deslizar no chão ou em piruetas. “É bom ter esta gente toda que
gosta da modalidade” – refere, não escondendo as suas ambições de um dia
se tornar profissional no skate. “Vamos a ver”. Para já, é ali, na
alameda que treina.
Atrás de si uma assistência feminina. “Elas não andam de skate”. E
porquê? “Não temos jeito” – responde Joana Valente, de 16 anos. Gosta de
ver os colegas até já experimentou, “mas chegamos à conclusão que não
temos mesmo jeito para isto”. Na sua opinião, os colegas mereciam ter
outras condições, porque se trata da prática de um desporto. “A Feira
deveria ter uma pista como a que existe em S. João da Madeira” – aponta,
enquanto aponta a objectiva da sua máquina fotográfica. Ela é que
assegura as fotografias que vão recordar mais tarde. “Temos milhares”.
@ 7sete
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