O presidente da Câmara Municipal de Arouca admite fazer uma
manifestação, em Lisboa, para reclamar, mais uma vez, a construção da
famigerada ligação Feira-Arouca. O troço, que há anos é reivindicado
pelos arouquenses, não está contemplado neste Quadro de Referência
Estratégico Nacional (QREN), apesar das promessas feitas pelo Governo.
“Sempre fui contra manifestações, mas se calhar tenho que dar razão
àquelas que sempre reclamaram isso de mim” – diz o autarca, adiantando
que serão realizadas reuniões para decidir se se avança com este tipo de
luta. A acontecer, Artur Neves, admite realizar, junto do Ministério
dos Negócios Estrangeiros, liderado por Paulo Portas, membro da
Assembleia Municipal de Arouca. “Desta forma, Paulo Portas, que deixou
de atender o telefone, poderá assistir à reunião e dizer claramente o
que pensa sobre esta estrada, agora que é ministro”.
A ligação Feira/Arouca é uma das antigas reclamações do município de
Arouca, considerada como “fundamental” para o desenvolvimento económico
da região. Artur Neves, presidente da Câmara, recorda que a sua
construção já foi prometida pelos três líderes dos principais partidos –
José Sócrates, do PS, Paulo Portas, do CDS/PP e Pedro Passos Coelho, do
PSD. “Estou cheio de promessas” - aponta o edil que, entretanto, já fez
chegar a todos os representantes políticos uma missiva dando conta da
necessidade da estrada.
A via não está contemplada no actual QREN, pelo que a única esperança
da Câmara Municipal de Arouca é que a verba anteriormente destinada,
pelo programa Operacional Norte, para a construção do metro do Porto –
que agora está disponível no QREN – seja transferida para esta obra.
“Pensávamos que, com a desistência dos projectos do TGV e do aeroporto
de Lisboa, parte da verba que para aí era destinada fosse transferida
para ligação Feira-Arouca. No entanto, o actual Governo alterou os
planos e agora vai construir uma ferrovia de passageiros e mercadorias e
uma outra de ligação Aveiro/ Vilar Formoso e vai ainda disponibilizar
200 milhões de euros para a conclusão do túnel do Marão” – aponta o
autarca, salientando que, com este planeamento, ficou, mais uma vez de
fora, a desejada estrada arouquense. Tem, então, como única esperança
que o dinheiro disponível no programa de financiamento regional da Área
Metropolitana do Porto – que tem a via Feira/Arouca como uma prioridade
para a região – seja agora utilizado em benefício dos arouquenses, já
que o financiamento para o metro do Porto está assegurado no QREN.
“Vamos ver, porque sabemos também que este dinheiro disponível será
também usado para cobrir o aumento do co-financiamento dos fundos
comunitários que passou dos 85 por cento para os 95 por cento”.
Artur Neves diz que só em Fevereiro saberá, então, se haverá dinheiro
disponível ou não, mas promete, desde já, que não vai cruzar os braços e
admite avançar mesmo para um tipo de luta que, até agora, sempre
considerou pouco razoável – as manifestações. “O actual ministro dos
Negócios Estrangeiros, membro da Assembleia Municipal de Arouca, Paulo
Portas, enquanto Oposição do Governo, colocou-se sempre em defesa de
Arouca. Sempre nos atendeu o telefone, reunia-se comigo e, agora que é
membro do Governo, esqueceu-se de Arouca e nunca mais sequer atendeu o
telefone” – critica o presidente. “Esqueceu-se de Arouca e das promessas
que fez”- aponta o autarca, atirando: “Este é um comportamento
inaceitável. É um comportamento de catraio que não posso aceitar”.
O edil admite, por isso, avançar para uma outra forma de reivindicação.
“”Vamos fazer algumas reuniões e ponderar avançar para uma manifestação
e realizar uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal em frente
ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para que Paulo Portas possa
assistir e dizer claramente sobre a sua posição em relação a esta obra”
– diz, adiantando ainda recusar qualquer justificação escudada na
crise. “Há dinheiro comunitário disponível” – salienta.
Artur Neves diz que, a partir de agora, não vai dar tréguas ao Governo
no que respeita a esta construção, porque chegou ao limite. “Não podemos
admitir mais estas atitudes, sobretudo, quando a autarquia se predispôs
a sacrificar toda a sua capacidade de endividamento para ajudar o
Governo nesta obra” – comenta, continuando: “há que ter alguma
delicadeza e respeito pelas pessoas de Arouca. Somos gente séria e o que
estão a fazer é uma ofensa”.
Artur Neves diz ainda tratar-se de uma “ofensa personalizada de pessoas
que agora nem sequer atendem o telefone”. “E e isso não é comportamento
de gente séria que está na política para servir as pessoas, mas antes
para se servir a si própria”.
@ 7sete
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