sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Presidente da Câmara de Arouca admite fazer manifestação em Lisboa para reivindicar ligação "Arouca/Feira"

O presidente da Câmara Municipal de Arouca admite fazer uma manifestação, em Lisboa, para reclamar, mais uma vez, a construção da famigerada ligação Feira-Arouca. O troço, que há anos é reivindicado pelos arouquenses, não está contemplado neste Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), apesar das promessas feitas pelo Governo. “Sempre fui contra manifestações, mas se calhar tenho que dar razão àquelas que sempre reclamaram isso de mim” – diz o autarca, adiantando que serão realizadas reuniões para decidir se se avança com este tipo de luta. A acontecer, Artur Neves, admite realizar, junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado por Paulo Portas, membro da Assembleia Municipal de Arouca. “Desta forma, Paulo Portas, que deixou de atender o telefone, poderá assistir à reunião e dizer claramente o que pensa sobre esta estrada, agora que é ministro”.
A ligação Feira/Arouca é uma das antigas reclamações do município de Arouca, considerada como “fundamental” para o desenvolvimento económico da região. Artur Neves, presidente da Câmara, recorda que a sua construção já foi prometida pelos três líderes dos principais partidos – José Sócrates, do PS, Paulo Portas, do CDS/PP e Pedro Passos Coelho, do PSD. “Estou cheio de promessas” - aponta o edil que, entretanto, já fez chegar a todos os representantes políticos uma missiva dando conta da necessidade da estrada.
A via não está contemplada no actual QREN, pelo que a única esperança da Câmara Municipal de Arouca é que a verba anteriormente destinada, pelo programa Operacional Norte, para a construção do metro do Porto – que agora está disponível no QREN – seja transferida para esta obra. “Pensávamos que, com a desistência dos projectos do TGV e do aeroporto de Lisboa, parte da verba que para aí era destinada fosse transferida para ligação Feira-Arouca. No entanto, o actual Governo alterou os planos e agora vai construir uma ferrovia de passageiros e mercadorias e uma outra de ligação Aveiro/ Vilar Formoso e vai ainda disponibilizar 200 milhões de euros para a conclusão do túnel do Marão” – aponta o autarca, salientando que, com este planeamento, ficou, mais uma vez de fora, a desejada estrada arouquense. Tem, então, como única esperança que o dinheiro disponível no programa de financiamento regional da Área Metropolitana do Porto – que tem a via Feira/Arouca como uma prioridade para a região – seja agora utilizado em benefício dos arouquenses, já que o financiamento para o metro do Porto está assegurado no QREN. “Vamos ver, porque sabemos também que este dinheiro disponível será também usado para cobrir o aumento do co-financiamento dos fundos comunitários que passou dos 85 por cento para os 95 por cento”.
Artur Neves diz que só em Fevereiro saberá, então, se haverá dinheiro disponível ou não, mas promete, desde já, que não vai cruzar os braços e admite avançar mesmo para um tipo de luta que, até agora, sempre considerou pouco razoável – as manifestações. “O actual ministro dos Negócios Estrangeiros, membro da Assembleia Municipal de Arouca, Paulo Portas, enquanto Oposição do Governo, colocou-se sempre em defesa de Arouca. Sempre nos atendeu o telefone, reunia-se comigo e, agora que é membro do Governo, esqueceu-se de Arouca e nunca mais sequer atendeu o telefone” – critica o presidente. “Esqueceu-se de Arouca e das promessas que fez”- aponta o autarca, atirando: “Este é um comportamento inaceitável. É um comportamento de catraio que não posso aceitar”.
O edil admite, por isso, avançar para uma outra forma de reivindicação. “”Vamos fazer algumas reuniões e ponderar avançar para uma manifestação e realizar uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal em frente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para que Paulo Portas possa assistir e dizer claramente sobre a sua posição  em relação a esta obra” – diz, adiantando ainda recusar qualquer justificação escudada na crise. “Há dinheiro comunitário disponível” – salienta.
Artur Neves diz que, a partir de agora, não vai dar tréguas ao Governo no que respeita a esta construção, porque chegou ao limite. “Não podemos admitir mais estas atitudes, sobretudo, quando a autarquia se predispôs a sacrificar toda a sua capacidade de endividamento para ajudar o Governo nesta obra” – comenta, continuando: “há que ter alguma delicadeza e respeito pelas pessoas de Arouca. Somos gente séria e o que estão a fazer é uma ofensa”.
Artur Neves diz ainda tratar-se de uma “ofensa personalizada de pessoas que agora nem sequer atendem o telefone”. “E e isso não é comportamento de gente séria que está na política para servir as pessoas, mas antes para se servir a si própria”.

@ 7sete

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