O vice-presidente da Câmara da Feira, que disponibilizou instalações
gratuitas no Europarque para contornar "a falsa questão" da renda da
Escola de Turismo local, defende que o encerramento dessa instituição é
uma decisão "irracional e absurda", típica dos "gestores lisboetas".
Recordando que "o único argumento válido" apresentado pelo Turismo de
Portugal para justificar o fecho da escola da Feira era o facto de essa
funcionar num edifício privado, Emídio Sousa declarou à Lusa: "Esse
argumento era um embuste para retirar alunos à escola da Feira e tentar
levá-los para a do Porto, e esse aspecto da renda revelou-se logo uma
falsa questão mal a Câmara disponibilizou no [centro de congressos] do
Europarque instalações gratuitas, enormes, aonde a instituição podia
continuar a funcionar sem custos".
Considerando que o Turismo de Portugal não aceitou a mudança de
instalações, o autarca define assim a medida hoje anunciada no
Parlamento: "É uma decisão absurda e irracional do ponto de vista
económico e do interesse do país, e a própria secretária de Estado do
Turismo reconheceu que não há nenhuma razão objectiva para que a Escola
de Santa Maria da Feira encerre".
Emídio Sousa enquadra a medida no que define como "a gestão à boa
maneira lisboeta" e explica: "Sempre que um instituto sofre reduções
orçamentais, a decisão dos respectivos gestores é olhar para o que
consideram a província e ver onde podem cortar. Isto acontece porque os
gestores são todos lisboetas e para eles a província não lhes diz nada,
mesmo que as instituições que estão a prejudicar tenham tantas ou
melhores condições do que as que existem na capital".
No caso específico da Escola de Turismo de Santa Maria da Feira -
que, como observa Emídio Sousa, "nem sequer cumpre o critério de ser
província" -, o autarca garante que a instituição "tem muito mais
procura do que as vagas que disponibiliza, pratica uma formação de
excelência, prepara inclusive formadores que saem daí para leccionar
noutras escolas e tem uma taxa de empregabilidade próxima dos 100 por
cento".
"Os formandos ainda não concluíram os cursos e já há as entidades
patronais do sector estão a querer empregá-los", realça o autarca.
A "única explicação" que o vice-presidente da Câmara tem para o
encerramento da Escola da Feira é a necessidade do Turismo de Portugal
"tapar o buraco" da sua congénere do Porto. "Só essa razão é que explica
isto", refere, "porque a realidade é que a Escola de Turismo do Porto
está sobredimensionada, tem uma oferta muito superior à procura, tem uma
renda anual de 600.000 euros para pagar à Parque Escolar e eles julgam
que, fechando a da Feira, os alunos daqui vão passar para lá".
Para Emídio Sousa, a hipótese é, contudo, pouco provável. "Quem tiver
o curso a meio, ainda pode fazê-lo", admite. "Mas, no que se refere a
alunos novos, poucas famílias terão condições para suportar esse aumento
de encargos e é preciso ver que também serão poucos os pais que estarão
confortáveis com a ideia de enviar os filhos para um curso profissional
no Porto quando eles só têm 14 ou 15 anos".
A Lusa tentou obter declarações da diretora da Escola de Turismo de
Santa Maria da Feira. Essa responsável não quis comentar a situação,
alegando integrar os quadros dirigentes do Turismo de Portugal e
"respeitar uma decisão superior".
@ Porto Canal
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