Sem mais atrasos, sem mais adiamentos… mas afinal, diz que a
questão Caixa das Artes, mesmo após aprovação das intenções municipais na
CCDRN, voltou a ser adiada! Os pontos previstos para a reunião ordinária de
ontem foram adiados para uma reunião extraordinária, a realizar no próximo dia
27.
Caixa das Artes - Pólo II - Projecto EXTINTO |
Apesar da salvaguarda do Centro de Artes de Rua em si, ou
seja, o Pólo I, ficam pendentes um conjunto de pressupostos anunciados com a
evolução do conceito para a Caixa das Artes. Se o concurso público para a
construção o Pólo I abrirá de “imediato”, após a anulação do procedimento em
curso, já no quarteirão das Penas o caso será diferente. Diz-se agora que
passaremos à fase do projecto de execução.
Aguardemos, continuemos a aguardar… voltemos a desperdiçar
tempo e recursos em papel e ideias… voltemos a rejeitar 4 milhões de euros com
vista à garantia de uma sala adequada às necessidades do século XXI. Aguardemos
pelas ideias para o António Lamoso… talvez não teremos de aguardar muito pela
morte do espaço que já está fora das principais rotas culturais nacionais, pela
falta de condições básicas para artistas e público.
Perdemos uma oportunidade “única”, como a própria autarquia
afirmava até há poucos meses (já depois da crise… já depois do conhecimento do
futuro do Europarque nas mãos do Estado). Com isso, vamos dar mais 1% de vida
ao Europarque, contribuindo para a morte de um ícone cultural da cidade. Foram opções
(sim, porque já estão tomadas sem qualquer receio pela utilização do cutelo)…
erro óbvio, algo que o futuro se encarregará de provar.
Quanto ao Cine Teatro António Lamoso, já não acredito em nada, já que quem rejeita
um projecto como a Caixa das Artes não estará certamente a pensar no futuro
daquele espaço. Diz-se que se quer requalificar... Será!? Se assim for de facto, que se pense de forma orgânica e
integrada, que se coordenem esforços para garantir mais alguns anos de vida ao
espaço obsoleto:
i) criem-se espaços de ensaios e bastidores com a qualidade
que os artistas merecem;
ii) renovem-se as infraestruturas cénicas, corrigindo
algumas limitações técnicas da sala;
iii) aproveite-se o acordo de utilização
do cais de pesados do Continente para criar um acesso técnico ao palco pelas
traseiras da sala;
iv) reformulem-se as áreas de acesso e convívio, garantindo
a instalação de uma bilheteira e serviço de informações adequado às exigências
do século XXI, um espaço de bar suficiente e funcional, assim como os serviços
de apoio básicos;
v) reformule-se a inclinação da sala, nem que para tal seja necessário
reduzir o número de lugares disponíveis (será preferível ter uma sala de 500
lugares com boa visibilidade do que uma com 620 em que 50% do público só vê os
artistas da cintura para cima).
São apenas sugestões básicas e superficiais, de
uma abordagem que se espera mais profunda e adequada às exigências e
particularidades do espaço.
Plano de Pormenor para o Quarteirão das Penas [2010] |
Temos, ainda, a pedreira… aquela que iria ter um palco
flutuante e apenas 4 a 5 metros de profundidade no lago, mas que, afinal, ainda
não tem projecto de execução. Aguardemos pela requalificação ambiental o quanto
antes, garantindo uma utilização adequada, abrindo o espaço à população. Esperemos
que esta seja urbanamente integrada na cidade… seja pelas escolas que se pretendiam
demolir (e que poderão servir de apoio às companhias residentes no António
Lamoso) e/ou mesmo pala lateral poente do edifício do Continente.
Quanto à questão das escolas a encerrar pela criação do centro escolar na Fernando Pessoa, e já que se perdeu o plano de
pormenor aprovado para o quarteirão (do qual apenas o hipermercado será real), sugiro
uma solução intermédia, demolindo apenas uma escola para se criar uma praça de menores
dimensões, sendo o outro edifico utilizado como espaço para as companhias residentes
no António Lamoso poderem trabalhar.
Caixa das Artes - Pólo I - Projecto Completo [FEV 2011] |
De qualquer forma, e como nota final, deixo uma questão: sem
as condicionantes financeiras apostas ao Pólo II, fará sentido manter a versão
reduzida do Pólo I anunciada em Novembro de 2011? Acredito que, nestas
condições, seja de todo pertinente a concretização do projecto global, com os 4
pisos de espaços para incubação e acolhimento e, ainda, os dois pisos de
residências artísticas. Com tantas alterações, estará certamente no momento de
acabar com os emagrecimentos à estrutura de Espargo, dando vida ao projecto
completo.
Caixa das Artes - Pólo I - Projecto Reduzido [NOV 2011] |
Deixemos o tempo continuar a passar… talvez um dia surjam
soluções integradas e deixemos de ter gavetas cheias de projectos destruídos ou será puro coleccionismo?
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