Este fim de tarde e noite, a Praça Gaspar Moreira recebeu a primeira edição
da “Feirinha pela Noitinha”, uma feira de artigos usados e artesanato urbano. Assim,
após a edição especial do Flea Market, em Maio passado, Santa Maria da Feira
entra definitivamente na rota dos mercados de rua do século XXI, e com uma adesão considerável
para uma primeira experiência, não muito divulgada.
Desci ao centro histórico, com dois motivos: (i) compreender
in loco o conceito e (ii) assimilar uma outra novidade no panorama cultural feirense:
o teatro-fórum.
O evento desta noite serviu de mote e palco para a apresentação
de um novo conceito que pretende unir a comunidade em torno do teatro para a resolução
de problemas comunitários. O teatro-fórum detecta e trata problemas comuns,
procurando auxilio do público na sua compreensão e desenvolvimento, de forma a
encontrar possíveis soluções, passiveis de aplicação na comunidade. Assim, esta
noite tirou partido de um exímio projecto de teatro-fórum do Porto, para
apresentar o conceito e convidar à participação.
Esta noite, Santa Maria da Feira recebeu as “Auroras”, um
grupo de teatro-fórum, com reflexão dos problemas do Bairro do Lagarteiro, que apresentou na Praça Gaspar Moreira o seu espectáculo “Aurora”.
Nasce o dia, janelas que se abrem e mulheres que espreitam para deixar entrar a luz nas casas e nos corpos. Estas janelas, despojos de um Bairro em re-construção que procura também outras oportunidades ligando-se à cidade através de um autocarro que transporta medos, expectativas, esperanças, resignações …Aurora, uma mulher que amanhece, que acredita que os seus dias podem ter outras cores, como a roupa que estende ao sol.“Vais escrever que és do Bairro?!” “Se calhar é por isso que nunca te chamam …”Será que a marca da sua identidade, da sua morada, é mais forte do que a vontade de querer ser simplesmente ela própria?
Após isto, «no âmbito da Acção Comunidade (com)Vida, em que
se pretendem criar grupos comunitários no concelho de Santa Maria da Feira, com
o objectivo de potenciar a participação cívica, o espírito crítico e reflexivo
na identificação e resolução de problemáticas comunitárias relevantes, através
da técnica do Teatro do Oprimido, e promover a aproximação entre os
participantes dos grupos comunitários, associações e instituições locais e as
estruturas de decisão política local», está laçado o repto à participação. Na próxima
quarta-feira (25 de Julho de 2012), a Casa do Povo de Santa Maria da Feira será
o palco da primeira reunião/contacto/ensaio rumo a esta construção colectiva,
pelas 21h.
Quanto à noite de hoje, poderemos dizer que a história
passou e Aurora “adormeceu à janela sem o sonho que era para ela”…
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